Por que Deus quebra “navios”?

“Fez Josafá navios de Társis, para irem a Ofir em busca de ouro; porém não foram, porque os navios se quebraram em Eziom-Geber.” I Reis 22.49 (Almeida Revista e Atualizada)
“... E os navios se quebraram e não puderam ir a Társis.” II Crônicas 20. 37 (Almeida Revista e Atualizada)
Por que Deus quebra “navios”?

Por que onde um servo de Deus é bem sucedido, outro tropeça? Um conquista seu intento, outro fracassa? O rei Salomão já havia, em tempos passados,  ido a Ofir (cidade na Arábia meridional na rota comercial, onde se trocava ouro por mercadorias), em busca de preciosidades, e tivera sucesso (II Crônicas 8.17,18). Mas, por que o rei Josafá muitos anos depois não logrou êxito fazendo o mesmo?

Atualmente, Deus ainda “quebra navios”? O que se entende por quebra de navios em nosso contexto atual? O “navio” aqui não é literalmente uma embarcação, é claro,  mas pode ser visto como projeto, ideia, plano, relacionamento, consórcio, liderança, investimento, exercício de governos, etc. A “quebra” deles nada mais é do que a “frustração” gerada única e exclusivamente por Deus, pois Ele sabe colocar “areia” nas “engrenagens”.

Podemos elencar abaixo algumas razões que levam Deus a quebrar “nossos navios”, como fez com os do rei Josafá.

Deus quebra os navios de quem não lhe consulta. As naus de Josafá foram quebradas porque ele não buscou resposta em Deus para tal empreendimento (I Reis 22.49; II Cr 20.6). Em outros momentos da sua vida, Josafá consultara ao Senhor e obtivera respostas positivas (I Reis 22.5,7, 8; II Reis 3.11). Josafá também buscou consultar a Deus (mesmo que tardio), ao se aliar a Acabe (pai de Acazias) para batalhar contra Ramote Geleade, desconfiado das "profetadas" dos profetas de Acabe (I Reis 22.5-9).


Mas agora, se aliando a Acazias, viu os navios quebrados e intransitáveis porque não buscou resposta em Deus para tal construção (I Reis 22.49; II Crônicas 20.6). Quando não consultamos a Deus, seguimos o nosso próprio coração, temos 100% de chances de tudo dá errado (Provérbios 16.1-3).

Deus quebra os navios de quem se precipita. Deus permite a nossa ousadia até certo ponto, como aquele que segura uma pipa por fino cordão, deixando subir, subir, subir... Depois, intervém na sua subida e a puxa de volta. Há, na didática divina muito a se aprender: uma coisa é Deus “permitir” que empreendamos nossos projetos, outra coisa é Ele nos “dirigir” a realizarmos seus projetos. Ele até permite que façamos obtusamente nossos “navios”, mas eles com certeza se quebrarão e não irão a lugar nenhum (I Reis 22.49; II Crônicas 20.6.37).

Deus quebra os navios de quem faz parceria com pecadores. Josafá se aliou a Acazias, um rei tão mau quanto seu pai Acabe (I Reis 22.52-54; II Crônicas 20.6). Então, Deus usou um tal de Eliézer, filho de Dodavá, de Maressa, que  vaticinou contra Josafá o insucesso de todo esse investimento: “...Porquanto te aliaste com Acazias, o Senhor destruiu as tuas obras...” (II Crônicas 20.6.37).

A aliança com um idólatra é rejeitada pela palavra de Deus (Êxodo 34.12; Amós 3.3). Qualquer formação de pacto  ou união, da nossa parte, com os que andam na contramão de Deus, atrairá funestas consequências a nossa vida e ministério, caso não haja uma mudança de 180 graus. No NT, o apóstolo Paulo nos adverte do jugo desigual entre crentes e incrédulos (II Coríntios 6.14-16).


Deus quebra os navios porque só Ele tem propósitos definidos.  Eliézer, como voz profética, disse a Josafá: “... o Senhor destruiu as tuas obras...” (II Crônicas 20.6 – grifos nosso). Os navios foram construídos em Eziom-Geber e lá naufragaram. Eziom-Geber  era uma cidade próxima de Elate, na costa do golfo de Ácaba. Os israelitas acamparam nesse lugar (Números 33.35). Ali Salomão construiu seus navios (I Reis 9.26). Você leu e entendeu? O sucesso do nosso empreendimento não resulta de onde trabalhamos (Társis, Eziom-Geber e Ofir) ou do que lá fazemos (navios ou qualquer outra coisa), mas se a intenção interior que nos impulsiona a fazê-lo é para glória de Deus (I Coríntios 10.31).

Deus deu a Salomão a sabedoria que ele pediu, mas também lhe concedeu o que não desejava: riquezas e glórias (I Reis 3.5-15). Por isso, quando desejou buscar ouro em Ofir, não teve nenhuma dificuldade, pois tinha a aprovação de Deus (I Reis 9.26-28). Com Josafá foi o contrário. Todo o esforço e esperança da conquista de ouro se espalharam em forma de pranchas e vigas de madeiras, quebradas e a deriva junto à costa, resultando em grande perda e desperdício de tempo e de recursos monetários!

Mas Deus estava nesse negócio! Sua Soberania estabelece seus desígnios e intentos: dá vida e mata; faz empobrecer e enriquecer; rebaixa e também eleva; tira do lixo e devolve ao lixo... (I Samuel 2.6-8). Deus, que existe por Si só, tem o poder de “quebrar qualquer obra pronta” daqueles que não O consultam!

É melhor não construir navio nenhum antes de consultá-LO!

Autor: Dário José
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